Saúde do Viajante

Consideram que a saúde do viajante é uma categoria estratégica no vosso portefólio? Porquê?
Até há relativamente pouco tempo trabalhávamos a categoria de forma sazonal e mediante procura e prescrição trazidas pelos utentes. Atualmente é uma categoria na qual estamos a investir, uma vez que a procura deste tipo de produtos tem aumentado significativamente pela intensificação das viagens durante todo o ano e pela aposta na prevenção por parte dos viajantes.
Como posicionam essa oferta no ponto de venda (exposição, aconselhamento, marketing)?
A nível do ponto de venda, apresentamos os produtos num linear destinado a essa categoria. Ao nível do aconselhamento, utilizamos uma checklist, que nos auxilia a selecionar os produtos essenciais direcionados ao destino e ao utente que nos procura. Quanto ao marketing, é habitual elaborarmos posts informativos que partilhamos nas redes sociais, artigos em jornais locais, entre outros, na época de verão.
Notam um aumento na procura por produtos/prevenção associados a viagens (ex.: verão, destinos tropicais, viagens de negócios)?
Sim. Sem dúvida que a época de verão coincide com o período de férias da maioria da população, o que faz aumentar a procura por produtos associados a viagens, assim como pela procura pelo serviço de administração de vacinas.
Quais são os produtos ou serviços mais procurados (ex.: repelentes, kits de primeiros socorros, medicação para diarreia, consultas de aconselhamento)?
Os produtos mais procurados são repelentes de insetos, medicação para afeções gastrointestinais, cremes para queimaduras, antipiréticos e analgésicos e antialérgicos, privilegiando sempre as formas galénicas orodispersíveis, para evitar o consumo de água não potável. No caso de o utente ter realizado consulta do viajante, os medicamentos prescritos são também procurados, bem como a administração das vacinas que possam vir prescritas. Com o aumento de viagens de longo curso, tentamos sensibilizar para o uso de meias elásticas durante o voo, de modo a prevenir trombose profunda, bem como os tampões de ouvidos antipressão para voo, que previnem dores de ouvidos e otites. Por fim, o serviço de preparação individualizada da medicação é também muitas vezes solicitado, essencialmente por parte de utentes com medicação crónica.
Consideram que a saúde do viajante é uma área com potencial de crescimento dentro da farmácia? Porquê?
Sim, uma vez que se tem verificado um aumento das viagens, sejam elas de lazer ou de negócios, assim como para destinos mais exóticos e/ou tropicais, levando, consequentemente, ao aumento da procura de produtos relacionados à prevenção e tratamento de afeções dos utentes. Além disso, os viajantes estão cada vez mais informados acerca das questões de saúde e, como tal, pretendem apostar na prevenção das mesmas. Assim, é essencial o apoio da equipa da Farmácia para com os viajantes, de forma a colmatar as necessidades dos mesmos. Por outro lado, dado a especificidade de alguns utentes, como grávidas, crianças, diabéticos, faz todo o sentido um acompanhamento mais especializado e pormenorizado na preparação de um “kit de viagem” personalizado (ex: no caso dos diabéticos, bolsas de transporte de insulina).
Que fatores (formação, parcerias, regulamentação) seriam importantes para potenciar esta área? Porquê?
Uma vez que temos acompanhado um crescimento a nível dos serviços disponibilizados pelas farmácias, seria importante o estabelecimento de protocolos para a realização de consultas do viajante de forma completa. Em muitos países, as farmácias administram vacinas e orientam para cuidados de saúde em viagem, tornando-se um ponto de referência fácil, acessível e confiável. Além disto, é essencial a formação contínua das equipas das farmácias, uma vez que as diretrizes se encontram em constante atualização, de forma a capacitar as equipas para a futura intervenção. No campo das parcerias, por exemplo, seria interessante explorar a colaboração com outros profissionais de saúde, constituindo uma equipa multidisciplinar e preparar o utente da melhor forma para a sua viagem. Por outro lado, seria útil realizar parcerias com empresas com funcionários que viajem em trabalho, de modo a realizar o aconselhamento aos viajantes consoante o seu destino e também com seguradoras.
O que diferencia a farmácia enquanto local de confiança para preparar uma viagem em segurança?
Para além da disponibilização dos produtos necessários, a equipa da farmácia encontra-se disponível para com os utentes durante todo o ano, estabelecendo uma relação de confiança com os mesmos, que lhes permite fazer um aconselhamento adaptado. Um exemplo desta capacitação, será a capacidade que os Farmacêuticos apresentam para realizar o ajuste dos medicamentos consoante o fuso horário. Podemos sempre adaptar “kits de viagem” que o utente já tem aos novos destinos e verificar prazos de validade e adequabilidade dos produtos já existentes. Somos profissionais capazes de informar o utente quanto aos riscos e formas de prevenção das doenças típicas do destino (ex: em países com risco de malária desaconselhar a toma de aspirina), rever estado da vacinação, reforçar os cuidados a adotar antes, durante e após a viagem e recomendar os produtos mais adequados.